3 de maio de 2012

AS QUALIDADES DOS ORISHÁS - 01

Vamos falar sobre a Qualidades dos Orishás 

O que vem a ser qualidade?
Na realidade se levarmos em conta o real significado da palavra “qualidade” não usariamos o termo correto no sentido do dicionário, porém são várias as conotações e denotações na Língua Portuguesa.
Quando os negros chegaram ao Brasil, oriundos de várias cidades e regiões Africanas, levaram com eles várias formas de se assentar os Orishás. Temos como exemplo os que vieram da região do Daomé, a atual República do Benin, onde só faziam os Orishás Nanã, Omulú, e Oxumaré.
Os que vinham da de outras regiões, só faziam os orishás dessa região de onde originavam, como por exemplo, em Oyo só se faziam os vários
Sàngó, os provenientes de Ketu, só faziam os Odés e assim por diante.
Ao chegar ao Brasil, esses conhecimentos, que antes faziam parte da sabedoria de uma região específica, de uma cidade ou de uma tribo, passou a ser, todo esse conhecimento, parte de uma só casa. Dessa forma, os Baba ou Iyà, que só sabiam fazer Sàngó, por exemplo, começaram a ter acesso aos fundamentos para fazer um Òsóòsí, uma Osun, um
Ògún etc.
Se continuarmos a análise veremos também que dentro de uma determinada região que detinha o conhecimento para fazer um Òsóòsí, poderia, ainda dentro dessa mesma região, ter diferentes formas e fundamentos no modo de fazer e assentar um mesmo Orishiá; foi isso o que veio no Brasil e também em Portugal, a ser reconhecido como o que chamamos QUALIDADE.
Sei que muitos poderão não concordar com a utilização deste termo – QUALIDADE – e também não tenho a pretensão de discordar ou concordar, ou mesmo de passar orôs, discutindo se o termo QUALIDADE estará certo ou errado, porém, caso se prove de facto estar errado, o que importa aqui passar são as várias formas de se conhecer como eram vistos os diversos Orixás, e como eram cultuados nas várias tribos, cidades e regiões Africanas.
Em diversos posts temos vindo a passar alguma informação detalhada sobre as principais qualidades dos 16 principais Orishás cultuados no Candomblé Ketu, e essa tarefa ainda não está concluída, mas pensei que seria importante uma vez mais procurar esclarecer o que são QUALIDADES DE ORISHÁS, devido ao elevado numero de questões e ao teor das mesmas sobre este assunto.

Textos tirados da pcandomble.wordpress em 2008....autor: Manuela






 ÈSÙ
É um Òrìsà difícil de ser definido de maneira coerente. Êle gosta de gerar disputas e provocar acidentes. É grosseiro, vaidoso, indecente, a tal ponto que os primeiros missionários, assustados, comparam-no ao Diabo. A presença de ÈSÙ esta no membro ereto do macho, na penetração da femea, na ejaculação, na primeira célula que está em formação, na paixão, no desprezo, no engano, na dor, no consumo de álcool e tóxico.
Porém, ÈSÙ possui o lado bom e, se êle é tratado com consideração, reage mostrando-se servisal e prestativo. Se, ao contrário, esquecerem de lhe oferecer sacrifícios e oferendas, podem esperar catástrofes. Desta forma, revela-se o mais humano dos Òrìsás, nem completamente mau, nem completamente bom.
Històricamente, ÈSÙ teria sido um dos companheiros de ODÙDUWÀ, princípio feminino, quando da sua chegada a IFÉ, e chamava-se ÈSÙ OBASIN. Tornou-se mais tarde, um dos assistentes de ÒRÚNMÌLÀ, que preside a adivinhação pelo sistema de IFÁ e rei de KÉTU, sob o nome de ÈSÙ ALÁKÉTU.
Como ÒRÌSÀ, diz-se que êle veio ao mundo com um porrete, chamado OGÒ, que teria a propriedade de transporta-lo, em algumas horas, a centenas de quilômetros e atrair, por um poder magnético, objetos situados a distâncias grandes. ÈSÙ é o guardão dos templos, casas, cidades e das pessoas e serve de intermediário entre os homens e os deuses. Por esta razão é que nada se faz sem êle e sem que oferendas lhe sejam feitas, antes de qualquer outro Òrìsa, para evitar suas tendências a provocar mal-entendidos entre os seres humanos e em suas relações com os deuses e dos deuses entre si.
Tem o título de ASIWAJU, quer dizer: aquêle que vai na frente de todos e o primeiro a ser servido.
Devido ao sincretismo, relacionando ÈSÙ ao diabo, os zeladores evitam consagra-lo em seus eleitos. Quando êle se manifesta é acalmado, fixado, com oferendas e sacrifícios; procedendo a iniciação do eleito para seu irmão ÒGÚN, que também tem caráter violento e arrebatado.
Sua saudação: ÈSÙ YÈ, LARÓYÈ, quer dizer: Viva EXU ou Salve EXU.


QUALIDADES

ELEGBARA
É o mesmo ÈSÙ YANGI, também chamado de IGBÁKETA BARAKETU OBÁ. É o mais velho, a primeira forma a surgir no mundo. É o dono do poder dinâmico do processo da multiplicação dos seres. Está ligado tanto ao ancestral masculino como ao feminino. Carrega o ADOIYRAN, cabaça que contém a força de se propagar. Esta cabaça vai no assentamento. É companheiro, inseparável, de ÒGÚN, a ponto de serem confundidos. Veste o branco, vermelho e o azul escuro. Come bichos machos e femeas.
YGELU
Associado ao WÁJÌ, que representa o fruto da terra e por extensão o mistério do processo oculto da vida e da multiplicação. Dêle é o caracol africano. Veste o azul arroxeado. Às vezes aparece vestido de preto.
LALU
ÈSÙ dos caminhos de ÒÒSÀÀLÀ. Não deve beber cachaça nem dendê. Veste-se de branco. Vem, também, para outros Òrixás. Tem muitos filhos.
YNÁ
É invocado no PADÊ. É associado ao fogo e representa a força. É simbolizado pelo EGAN ( gorrinho em forma de cone ) , pelo pássaro e pelo ÌKÓODÍDE, pena vermelha do papagaio ODÍDE.
TIRIRI
Acompanha ÒGÚN pelas estradas. Usa vermelho ou todas as cores. Sempre nas porteiras e caminhos. Tem grande força.
ELEBÓ ou ELERU
É o senhor das oferendas, o portador e o mensageiro. É sempre o primeiro a ser invocado. Veste o preto e o vermelho. É o dono do dendê. É êle que carrega o dendê na peneira.
ODARA
É invocado no PADE. Providencia a comida e a bebida de todos. É benéfico, não gosta de bebida alcólica, aprecia mel e vinho, gosta de branco, mas usa vermelho e preto. Êle nos dá a fortuna.
LONA
É o ÈSÙ das porteiras dos barracões, vigia os caminhos. Traz os clientes e a fartura. Usa vermelho, preto e azul arroxeado.
OLOBÉ
Este ÈSÙ é o dono da faca. É êle que separa as frações de substâncias para formar outros seres diferentes. É muito semelhante ao ÒGÚN SOROQUE, anda pelas madrugadas, sempre procurando os profanadores de oferendas postas nas encruzilhadas. Sua cor é azul arroxeado. Êle é o ASOGUN e sacerdote, sacrificador da sociedade das ÌYÁMI ÀJÉ.
ALAKÉTU
É o ÈSÙ do dinheiro, veste branco, vermelho e azul escuro.
ENÚGBANIJO
É o dono da boca, aquêle que fala e traz as respostas.
AKESAN
É o que fala pelos búzios.
LARÓYÈ
É astuto e provoca brigas
SIGIDI
Provocador de brigas.

ORÍKÌ
ÈSÙ òta Òrìsà. Osétùrá ni oruko bàbá mò ó. Alágogo Ìjà ìyá npè é. ÈSÙ ÒDÀRÀ, òmòkùnrin ìdólófin. O lé sónsó sí orí èsè elésè. Kò jè, kò jé kí ènje gbé mi. A kìì lówó láì mu ti Èsù kúrò. A kìì lóyò lái mú ti ÈSÙ kùró. Axòntún se òsì láì ní ítijú.ÈSÙ àpáta sòmò òlòmo lènu. O fi okuta dipò iyò. Lòògèmò òrun, a nla kálù. Pàápa-wàrá, a túká máse sà. ÈSÙ máse mi, òmò èlòmíràn ni ose.
Quer dizer:
--Esú, o inimigo dos Òrìxás. Oxéturá é o nome pelo qual você é chamado por seu pai. Alágogo Ìjà é o nome pelo qual você é chamado por sua mãe. Esú Òdàrà, o homem forte de Ìdólófin. Esú que senta no pé dos outros. Que não come e não permite a quem esta comendo engulir o alimento. Quem tem dinheiro, reserva para Esú a sua parte. Quem tem felicidade, reserva para Esú a sua parte. Esú que joga nos dois times sem constrangimento. Esú que faz uma pesso falar coisas que não deseja. Esú que usa pedra em vez de sal. Esú o indulgente filho de Deus, cuja grandeza manifesta-se em toda parte. Esú apressado, inesperado que quebra em fragmentos que não se poderá juntar novamente. Esú, não me manipule, manipule outra pessoa.


SUAS ERVAS

- Cansanção, urtiga, tinhorão roxo, barba do diabo, garra do diabo, comigo-ninguém-pode, fedegoso, figueira preta, cactos de todas as qualidades, abranda fogo, jamelão, jurubeba, avinagreira e arrebenta cavalo.
Em se assentamento devem ser colocadas uma folha de cada Òrixá e uma fava também.

LENDA

Dois amigos trabalhavam em campos vizinhos. ÈSÙ pôs um boné vermelho de um lado e branco do outro e passou sôbre uma cerca que separava as duas propriedades. Após alguns instantes, um dêles fez alusão ao homem do boné vermelho, o outro fez a mesma crítica ao homem do boné branco. O primeiro insistiu que o boné era vermelho, o outro que o boné era branco. como estavam ambos de boa fé, continuaram sustentando seus pontos de vista, cada vez com mais calor e cólera. Acabaram matando-se.

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