O CULTO A EGUNGUN - PARTE 1
Janeiro 11, 2012 por Fernando D'Osogiyan
Egun é o culto aos ancestrais masculinos, é elaborada pelas “Sociedades
Egungun”. Estas tem como finalidade elaborar ritos a homens que foram figuras
destacadas em suas sociedades ou comunidades quando vivos.
Os Mortos do sexo feminino recebem o nome de Iyá-mi Agbá (minha mãe anciã),
porém, não são cultuadas individualmente. Sua energia como ancestral é
aglutinada de forma coletiva e representada por Ìyámi Osorongá chamada também
de Iyá Nlá, a grande mãe. Esta imensa massa energética que representa o poder ancestralidade
coletiva feminina é cultuada pelas “Sociedades Gelèdé”, compostas
exclusivamente por mulheres, e somente elas detem e manipulam esse poderoso
poder. O medo da ira de Ìyámi nas comunidades é tão grande que, nos festivais
anuais na Nigéria em louvou ao poder feminino ancestra, os homens se vestem de
mulher e usam máscaras com características femininas, dançam para acalmar a ira
e manter, entre outras coisas, a harmonia entre o poder masculino e o feminino.
Além da sociedade Gelèdé,existemtambém na Nigéria a Sociedade Oro. Este é o
nome dado ao culto coletivo dos mortos masculinos quando não individualizados.
Oro é uma divindade tal qual Ìyámi Osorongá, sendo considerado o representante
geral dos antepassados masculinos e cultuados somente por homens. Tanto Ìyámi
quanto Oro são manifestações de culto aos mortos. São invisíveis e representam
a coletividade, mas o poder de Ìyámi é maior e, portanto, mais controlado,
inclusive pela sociedade Oro.
Outra forma, e mais importante, é o culto aos ancestrais masculinos, é
elaborada pelas “Sociedades Egungun”. Estas têm como finalidade elaborar ritos
a homens que foram figuras destacadas em suas sociedades e comuninadades quando
vivos, para que eles continuem presentes entre os seus descendentes de forma
previlegiada, mantendo na morte a sua individualidade. Esses mortos surgem de
forma visível mais camuflada, a verdadeira resposta religiosa da vida
pós-morte, denominada Egun ou Egungun. Somente os mortos do sexo masculino
fazem aparições , pois só os homens possuem ou matém a individualidade; as
mulheres é negado este previlégio, assim como participar diretamente do culto.
Esses Eguns são cultuados de forma adequada e específica por sua sociedade, em
locais e templos com sacerdotes diferentes dos do culto dos Orixás. Embora
todos os sistemas de sociedade que conhecemos sejam diferentes, o conjunto
forma uma só religião: a Yorubana.
No Brasil existem duas sociedades de Egungun, cujo tronco comum remonta ao
tempo da escravatura: O Ilê Agboulá, a mais antiga, em Ponta de Areia, e uma
mais recente e ramificação da primeira, o Ilê Oyá, ambos em Itaparica, Bahia.
O Egungun é a morte que volta à terra espiritual e visivel aos olhos dos
vivos.Ele “nasce” através de ritos que sua comunidade elabora e pelas mãos dos
Ojés (sacerdotes) munidos de um instrumento invocatório, um bastão ou vara
chamado ixan, que, quando tocado na terra por tres vezes e acompanhado de
palavras e gestos rituais, faz com que a “morte se torne vida”, e o Egungun
ancestral divinizado está de novo vivo.
A aparição dos Eguns é cercada de total mistério, diferente do culto dos
Orixás, em que o transe acontece durante as cerimônias públicas, perante
olhares profanos, fiéis e iniciados. O Egungun simplesmente surge no salão,
causando impacto visual e usando a surpresa como rito. Apresenta-se com uma
forma corporal humana totalmente recoberto com uma roupa de tiras
multicoloridas , que caem da ´parte superior da cabeça formando uma grande
massa de panos, da qual não se vê nenhum vestígio do que é ou de quem está sob
a roupa. Fala com uma voz gutural inumana, rouca, , chamada séégí ou sé, e que
está relacionada com a voz do macaco marrom, chamado Ijimerê na Nigéria.
As tradições religiosas afirmam que sob a roupa está somente a energia do ancestral; há também o transe mediúnico pois sob os panos está o mariwo (iniciado no culto Egunun) em transe ou preparado para representar seu ancestral, pelo sim pelo não, Egun está entre os vivos, e não se pode negar sua presença, energética ou mediúnica, pois as roupas ali estão e isto é Egun.
As tradições religiosas afirmam que sob a roupa está somente a energia do ancestral; há também o transe mediúnico pois sob os panos está o mariwo (iniciado no culto Egunun) em transe ou preparado para representar seu ancestral, pelo sim pelo não, Egun está entre os vivos, e não se pode negar sua presença, energética ou mediúnica, pois as roupas ali estão e isto é Egun.
A roupa de Egun chamada de Eku na Nigéria ou opá na Bahia, ou Egungun
propriamente dito, é altamente sacra ou sacrossanta e, por dogma, nenhum humano
pode tocá-la. Todos os mariwoa usam ixan para controlar a morte , alí
representada pelos Eguns. Eles e a assistência não devem tocár-se , pois como é
dito nas falas populares dessas comunidades, a pessoa que for tocada por Egun
se tornará assombrado, e o perigo o rondará. Ela então deverá passar por vários
ritos de purificação para afastar os perigos de doença ou, talvez, a própria
morte.
Ora, o Egun é a materialização da morte sob tiras de pano, e o contato,
ainda que um simples esbarrão nessas tiras, é prejudicial.E mesmo os mais
qualificados sacerdotes, como os Ojé atokun, que invocam, guiam e zelam por um
ou mais Eguns, desempenham todas essas funções substituindo as mãos pelo Ixan.
Os Egun-Agbá (ancião), também chamados de baá-Egun (pai), são Eguns que
játiveram os seus ritos completos e permitem, por isso, que suas roupas sejam
mais completas e sua vozes sejam liberadas para que eles possam conversar com
os vivos.
Os Apaaraká são Eguns, ainda mudos e sua roupas são as mais simples: não tem
tiras e parecem um quadro de pano com duas telas, uma na frente outra atrás.
Esses Eguns ainda estão em processo de elaboração para alcançar status de Babá;
são traquinos e imprevisíveis, assustam e causam terror ao povo.
O eku dos Babá são divididos em três partes: o alabá, que é uma armação
quadrada ou redonda, como se fosse um chapéu que cobre totalmente a extremidade
superior do Babá, e da qual caem várias tiras de pano coloridas, formando uma
espécie de largas franjas ao seu redor; o kafô, uma túnica de mangas que acabam
em luvas, e pernas que acabam igualmente em sapatos, do qual, também caem muitas
tiras de pano na altura do tórax; e o banté, que é uma larga tira de pano
especial presa ao kafô e individualmente decorada e que identifica o Babá. O
banté que foi previamente preparado e impregnado de axé, é usado pelo Babá
quando está falando e abençoando os fiéis. Ele o sacode na direção da pessoa e
esta faz gestos com as mãos que simulam o ato de pegar algo, no caso o axé, e
incorporá-lo. Ao contrário do toque na roupa, este ato é altamente benéfico. na
Nigéria, os Agbá-Egun portam o mesmo tipo de roupa, mas com alguns apetrechos
adicionais: uns usam sobre o alabá máscaras esculpidas de madeira chamadas de
Erê Egungun;outros entre o alabá e o kafô, usam peles de animais; alguns Babás
carregam na mão o opá iku e, às vezes, o ixan. Nesses casos, a ira dos Babás é
representada por esses instrumentos litúrgicos.
Existem várias qualificações de Egun, como Babá e Apaaraká, conforme seus
ritos, e entre os Agbá, conforme suas roupas, paramentos e maneira de se
comportarem. As classificações, são extensas.
Continua.
Pesquisa: Editora Minuano, revista:Candomblé Mitos e Lendas.
Texto de Aulo Barretti Filho,O Culto dos Eguns no Candomblé.
Texto de Aulo Barretti Filho,O Culto dos Eguns no Candomblé.
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