SEM EBÓ NÃO HÁ CANDOMBLÉ
Dezembro 30, 2011 por Fernando D'Osogiyan
Ègbé, acho tão importante este tema que resolvi republicá-lo acrescentando
mais informações e ratificando a importância de um Ebó em nossas vidas.
Será que todos sabem o que é um Ebó e suas inúmeras finalidades, e aí
pergunto: para que serve o Ebó?
É importantíssimo esse entendimento para quem estuda, pratica e vive o
Orixá.Tomar e restituir, propiciar redistribuindo, reequilibrar reestabelecendo
uma sintonia com o Axé.
*”…Insistimos muitas vezes-diz Juana Elbein- que toda dinâmica do sistema
Nagô está centrada em torno do ebó, da oferenda. O sacrifício em toda sua vasta
gama de propósitos e modelidades… É a devolução que permite a multiplicação e o
crescimento, Tudo aquilo que existe de forma individualizada deverá restituir
tudo que o filho protótipo [Exú] devorou…Cada indivíduo está constituído,
acompanhado por seu Exú individual, elemento que permitiu seu nascimento,
desenvolvimento ulterior e multiplicação; para que ele possa cumprir seu ciclo
de existência harmoniosamente, deverá imprescindivelmente restituir, através de
oferendas, os “alimentos”, o Axé devorado real ou metaforicamente por seu
princípio de vida individualizada. É como se um processo vital equilibrado,
impulsionado e controlado por Exú, fosse baseado na absorção e na restituição
constantes de matéria…”*
Respondemos inúmeras perguntas sobre qualidades de Orixás, fundamentos,
lendas, feituras, borís, axés,sonhos, procuramos desmestificar e dar coragem ao
leitor de interagir e familiarizar-se com essa cultura, porém, sem ebó não
teremos religião e essa pergunta ninguém fez: Preciso fazer ebó para tomar um
Obí? Eborí? Assentar um Oríxá? Iniciação? Como saber qual ebó devo fazer? Por
que tenho que fazer ebó? Quando fazer o ebó?
Em primeiro lugar precisamos acreditar no Ebó e na Iyá ou Babálorixá que
prescreveu o Ebó e, principalmente entende-lo, pelo menos ter um caminho de
entendimento. Ter a prova concreta de ter feito o ebó e ter melhorado, ou ter
se livrado de um perigo, amenizado um situação de queda geral, de acidente, de
perigo, de perda, de injustiça, de doença, de mal agouro, de egun, de demanda,
de negatividade, etc, etc.
Existem ebós positivos e negativos, aqueles que se dão caminho e os que não
se dão caminho, ebós de odú, ebós de Folhas,ebós que são presenteados,èjè, opé
àti ìdàpò, ètùtù,ebó Ojú kòríbi, Owaji, Osun, Efun, Yrosún, ebó ayè pínùm,ebó
ìpilè,ebó catimbó,ebó ancestral, ebós de Exú, Ikú, Egun, Ebós de carrego, Ebós
de Axexê,Ebó Ajeum,kizilas/Ewós, Ebó de Ori Ejó, Ebós de Kamburukú, Fatolú,
Ebós de Osé, Ebós de Abikú, Ebó Omim, Ebós de prosperidade,ebó de troca, ebós
de lua, sol, chuva, tempo, ebós da madrugada, leiú, ebós de rua de todos os
tipos, ebó de cachoeira, rio, mar,cemitério, hospital, banco, praça,
delegacia,empresas, igreja,mato, dentro do buraco, na montanha, ebós contra
vícios, roubo e ebós e tantos ebós de limpeza e preparação até para abrir um
jogo de búzios, ebós para chegar e para sair, pra viver, pra morrer,para mil
outras finalidades. Os efuns no iyawo é um ebó de proteção e importantíssimo.
O ebó não espera um dia ser feito, se foi prescrito tem que fazer o mais
rápido ou não faça mais, pois ele se apresenta num caminho que pode ser
transitório.
O ebó existe permanentemente dentro de um Ilê Axé, no momento que entramos
na casa, saudamos a entrada com água para esfriar o caminho, isso é um Ebó.
O Ebó é místico, essa é minha visão, ele tem influências de Exú e Orunmilá e
Omolú. Na própria confecção do ebó tem a energia de quem está fazendo,
arrumando, tem a energia de quem vai passar, de quem vai levar.
O banho de ervas é um ebó de pai Ossayin e, é de suma importãncia tomá-lo
após um ebó, é o sangue verde das folhas, a essência viva da natureza.
Se faz ebó com apenas um ovo, se faz ebó com apenas uma pedra de ofun
ralado, com uma pimenta da costa, se faz ebó com a fé nas coisas simples que é
a grande sabedoria Yorubá.
Os iniciados no Orixá tomam ebó sempre e para sempre, pois, manter-se limpo
é estar em sintonia com seu Orixá, é concebe-lo numa suavidade preponderante em
seu axé individual, é dar ao seu Orixá um corpo limpo pra uma manifestação
pura.
Òrúnmìlá òjó iku dá.**
Somente Òrúnmìlá muda o dia de nossa morte. (com ebó ikú)
Somente Òrúnmìlá muda o dia de nossa morte. (com ebó ikú)
O ebó é fundamental para quem quer manter o equilíbrio vital na convivência
religiosa, pois “Sem Ebó não há Candomblé”.
Ary Carvalho** Juana Elbein*
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