UMA DEFINIÇÃO DE ODU
Julho 10, 2011 por Da Ilha
Tão importante quanto nosso òrìsá, nosso Odu tem
importância fundamental em nossas vidas. Este texto esclarece como
Odu é fundamental em nosso destino.
Há no Brasil uma grande curiosidade das pessoas em conhecer o orisá de
cabeça; quem é seu pai ou sua mãe. É compreensível. Creio, porém, que não
devemos perder a dimensão de que é mais importante conhecer o odu pessoal
que o orisá de cabeça. Vou tentar explicar a razão. Vamos ao primeiro passo.
Odu é uma espécie de signo que rege o nascimento de cada pessoa. A
tradição iorubá aponta a existência de 16 Odus principais, cujas
combinações perfazem 256 odus. Cada um de nós é regido por um desses Odus ou
omó Odu. Cada odu é composto de uma infinidade de poemas, relatando a
história da criação e o papel que os orisás e uma série de outras
espiritualidades exerceram nessa história primordial. O conjunto dos odus
forma, então, o texto canônico sobre o qual se sustenta a tradição de Ifá.
Dentro dos odus estão os caminhos e as possibilidades que cada um de
nós carregará para o resto das vidas. Nesse sentido, odu é o destino
possível de cada um. Meu odu, por exemplo, contém as coisas que devo evitar os
eventos que podem colocar em risco a minha vida, as comidas que me fazem bem,
as comidas que me fazem mal, minhas aptidões profissionais, minha relação com
meus ancestrais, as folhas que me curam, as folhas que me matam, os
ebós que me salvam os orisás que me acompanham… O que salva, no meu
odu, pode matar, no odu de outra pessoa. Nenhum homem escapa ao seu odu.
Vive os caminhos ire (positivos) ou ibi (negativos), mas não escapa.
Odu é o designo de Olorum, o deus maior.
Em cada odu, os poemas relatam as histórias dos orisás e de outros
elementos encantados da natureza. Eu, por exemplo, sou filho de Ogum. No meu
odu, Ogum não aparece como o guerreiro violento e conquistador. Ogum surge como
o inventor do arado; agricultor e mestre ferreiro. A tendência é que a energia
de Ogum se manifeste na minha vida dessa forma mais branda.
Tenho irmãos de Ifá filhos de Ogum que, entretanto, possuem
odus onde os poemas que envolvem o orisá falam de violência e guerra.
É assim que a energia de Ogum pode se manifestar para eles. Não se compreende a
natureza do orisá de cabeça sem o conhecimento do odu e dos caminhos
em que nele o orisá se apresenta. Para efeito de comparação, quem conhece
apenas meu orisá sabe em que cidade eu moro. Já é muita coisa. Quem
conhece meu odu pessoal, com seus caminhos, e sabe como a energia do meu
orisá se manifesta nele, tem uma cópia da chave da minha casa.
Não se faz – ou não se deveria fazer – santo na cabeça de uma pessoa sem o
conhecimento prévio do odu da mesma. Exemplifico. Digamos que o
Iywao que vai se iniciar seja filho de Sòngo. Há um dos 256 odus –
daqueles famosos, que todo babalawo conhece – em que Ifá revela que a
energia de Sòngò é forte demais para ser consagrada na cabeça de alguém. A
simples menção do nome deste odu evoca os poderes do fogo. Imaginem raspar
Sòngò no ori de um noviço que seja desse signo. Não se raspa em
nenhuma hipótese. Assim Ifá ensina assim o sacerdote deve agir. Osa Irosun nos
diz em um de seus versos: Só Orunmilá pode revelar o orisá de cabeça
de cada pessoa e só Orunmilá pode determinar que orisá deva ser
consagrado na cabeça de cada um. É por isso que conheço exemplos louváveis de grandes
Bàbá/Iyàlorisá que não fazem orisá na cabeça de ninguém sem antes
consultar um babalawo, para confirmar se os procedimentos litúrgicos adotados
estão de acordo com as ordens do único orisá que pode estabelecer isso:
Orunmilá.
Após essa rápida introdução, surge a dúvida: como se revela o odu de cada
um?
Texto compilado na net sem autoria na fonte pesquisada.
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