O CULTO A EGUNGUN - PARTE 4
Fevereiro 18, 2012 por Fernando D'Osogiyan
OYÁ, EGUN E OS MITOS
“Oyá não podia ter filhos e foi consultar um babalawo. Este lhe disse então,
que, se fizesse sacrifícios, ela os teria. Um dos motivos de não os ter ainda
era porque ela não respeitava o seu tabu alimentar (eewó) que proibia comer
carne de carneiro.
O sacrifício seria de 18.000 búzios ( pagamento), muito panos coloridos e
carne de carneiro. Com a carne ele preparou um remédio para que ela o comesse;
e nunca mais ela deveria comer dessa carne. Quanto aos panos, deveriam ser
entregues como oferenda”.
Ela assim fez e, tempos depois, deu à luz a nove filhos (número mítico de
Oyá). Daí em diante ela passou a ser conhecida peo nome de “Iyá omo mésan”, que
quer dizer mãe de nove filhos e que aglutina Yansán.
Filhos de Oyá:Imalegã; Iorugã; Akugã; Urugã; Omorugã; Demó; Reigá; Heigá;
Egun Egun. Cada um tem sua característica e seu fundamento próprio, são
representados no ojubó de Oyá Igbalé.
Há outra lenda para explicar o mito de Iyansã:
“Em certa época, as mulheres eram relegadas a um segundo plano em suas
relações com os homens. Então elas resolveram punir seus maridos, mas sem
nenhum critério ou limite, abusando desta decisão, humilhando-os em demasia”.
Oyá era a líder das mulheres, e elas se reuniam na floresta.Oyá havia domado
e treinado um macaco marrom chamado`Íjímeré (na Nigéria). Utilizara para isso
um galho de atorí (ixan) e o vestia com uma roupa feita com várias tiras de
pano coloridas, de modo que ninguém via o macaco sob os panos.
Seguindo o ritual, conforme Oyá brandia o ixan no solo o macaco pulava de
uma árvore e aparecia de forma lucinante, movimentando-se como fora ensinado a
fazer. Desse modo, durante a noite, quando os homens por lá passavam, as
mulheres ( que estavam escondidas) faziam o macaco aparecer e eles fugiam
totalmente apavorados.
Cansados de tanta humilhação, os homens foram ver um babalawo para tentar
descobrir o que estava acontecendo. Através do jogo de Ifá, e para punir as
mulheres o babalawo lhes conta a verdade. Ele os ensina como vencer as mulheres
através de sacrifícios e astúcia.
Ogun foi encarregado da missão. Ele chegou a local das aparições antes das
mulheres.vestiu-se com vários panos, ficando totalmente encoberto, e se
escondeu, quando as mulheres chegaram, ele se apresentou subitamente, correndo,
berrando e brandindo sua espada pelos ares. Todas figiram apavoradas, inclusive
Oyá.
Desde então os homens dominaram as mulheres e as expulsaram para sempre do
culto a Egun. Hoje eles são os únicos a invocá-lo e cultuá-lo. Mas, mesmo
assim, eles redem homenagen a Oyá Igbalé, tida até como criadora do culto a
Egungun e sendo idolatrada como mãe e rainha dos Eguns.
E, como explica a lenda, Oyá, a floresta e o macaco estão íntimamente
ligados ao culto, inclusive com relação a voz do macaco como é o modo de Egun
falar.
Pesquisa: revista Candomblé Mitos & Lendas.
Texto de Aulo Barretti Filho,O Culto dos Eguns no Candomblé.
Texto de Aulo Barretti Filho,O Culto dos Eguns no Candomblé.
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